quarta-feira, 15 de agosto de 2007

"Last Days". Ficção, mas por que???




"É uma longa... solitária jornada. da morte até o nascimento". Parte do refrão da música escrita por Michael Pitt - Death to Birth - exclusivamente para o filme "Last Days" demonstra o desabafo de Blake (um pseudo Kurt Cobain) em seus últimos dias de vida. Não estou muito a fim de ficar pensando numa sinopse para escrever aqui sobre o filme, ainda mais que a idéia já foi posta: um cantor em declínio nos seus últimos dias de vida. Quer saber mais detalhes? Entra no AdoroCinema.com, um ótimo site brasileiro com informações sobre filmes. Apesar de todos falarem que é uma biografia dos últimos dias de Kurt Cobain, Gus Van Sant (diretor e roteirista) deixa claro que é uma obra de ficção, o longa somente é "baseado" na história do ícone do rock dos anos 90. Mas ele também não pode nos culpar por pensar assim, já que Blake, interpretado pelo ator que a cada filme me surpreende mais, Michael Pitt, se parece fisicamente com o astro. Pitt também pode ser visto em uma bela atuação e um belo filme "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci. "Last Days" é um filme difícil de digerir, já que particularmente (para não-fãs de Cobain - a maioroa certamente está esperando ver uma biografia) vemos a solidão, a dor e a morte. Uma reflexão sobre as supostas últimas horas de Kurt Cobain. Estava agorinha pensando no que escrever para o filme "Casa Vazia" e pensei neste que escrevo agora também, já que ambos os filmes o silêncio não o faz ficar ruim e sim faz parte da historia. Em "Last Days" ouvimos Blake murmurando mas poucas vezes entendemos de fato o que ele diz. Varias cenas são deixadas a mercê do espectador, aparentemente sem nexo. Como quando Blake morre e mostra sua alma saindo do corpo é difícil não ficar pensando o que significa isso. Para mim, ficou como um renascimento. Porque? A musica do Michael Pitt. "...Morte até o nascimento". Como se a vida fosse um fardo pesado demais para ele aguentar, que a morte seria vista como uma libertação da vida provavelmente sem sentido. Uma outra cena em que mostra, quase que completo, um videoclipe do Boyz II Men, quando Blake está passando mal, chega a ser engraçada já que a música da banda pop fica como trilha do momento exato que ele passa mal. Outra coisa que é impossível não fazer e que o diretor me perdoe porque deve mesmo ser um saco ficar comparando, mas não tem como não compara-lo a seu penúltimo trabalho "Elefante". O estilo, a edição, as cores, e até a demonstração da mesma cena de ângulos diferentes são as mesmas nos dois filmes. A diferença é que em "Last Days" não fica cansativo. Outra comparação é que acompanhamos a vida de uma pessoa (em "Elefante", mais de uma) que acaba morrendo no final (nem vem que isso não é spoiler, se um filme é baseado na vida de Kurt e outro no massacre da escola americana Columbine não é surpresa que haverá morte o final). Van Sant também utiliza o estilo documental nesse porque ao invés de deixar o público sentir pena ou entrar e viajar na história, ele se torna apenas voyeur. Realmente só assiste Blake, sozinho, viajando na maionese, nos seus últimos dias, monótonos. O vazio na vida de um astro em decadência.

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