sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ozzy Osbourne: Scream

Desde que se lançou em carreira solo, Ozzy Osbourne sempre foi bastante dependente dos guitarristas que “descobriu” para sua banda. Assim, o vocalista, que estava quase desistindo da vida e amargava a saída do Black Sabbath no fim da década de 1970, conseguiu se transformar em ídolo máximo do Heavy Metal nos anos 1980 tendo o apoio de Randy Rhoads e posteriormente de Jake E. Lee nas guitarras.

Depois, entrou com tudo nos de 1990 com Zakk Wylde. Mas e nos anos 2000? Pois é, Zakk Wylde ainda se segurava no cargo e o ‘madman’, até então, havia apenas se arrastado no que diz respeito à música, uma vez que o foco esteve voltado ao seu equivocado ‘reality show’.

Eis que agora Ozzy Osbourne parece querer recuperar o tempo perdido com “Scream”. O primeiro passo para isso, como ele bem sabe, é recrutar um novo e jovem guitarrista. Assim, o grego Gus G., conhecido por seu talento e por tocar em diversas bandas de pouca expressão do gênero, encarou a responsabilidade. O ‘line up’ foi completado pelo também estreante Tommy Clufetos (Alice Cooper, Ted Nugent e Rob Zombie) na bateria, além dos já conhecidos e competentes Rob “Blasko” Nicholson no baixo (Prong, Danzig e Robie Zombie) e Adam Wakeman nos teclados.

O repertório traz composições que se aprofundam ainda mais no estilo imprimido por Wylde, com riffs graves, pesados e afinação baixa. Além disso, as músicas soam mais rápidas e agressivas, com alguns efeitos de voz e um toque de modernidade, ainda que às vezes seja possível fazer conexões com os velhos tempos de Black Sabath.

“Let It Die”, a faixa de abertura, é um bom resumo e tudo isso. “I Want It More” e “Soul Sucker” são outras que representam essa “nova” cara de Ozzy Osbourne. “Let Me Hear You Scream” é um dos destaques e traz um refrão gritado e raivoso, assim como “Fearless”. Já “Diggin’ Me Down” e “Latimer’s Mercy” são mais “quebradas”, cheias de climas e não empolgam tanto.

O pessoal esteve tão concentrado nas distorções que deixou um pouco a desejar nas baladas “Life Won’t Wait” e “Time”. Embora não sejam ruins, elas não chegam nem perto da lista de baladas capazes de mover multidões que Ozzy ostenta em seu currículo. O disco conta ainda com a boa “Crucify You” e com a vinheta de despedida “I Love You All”.

A mudança de integrantes fez bem a Ozzy. Gus G., aliás, agrada bastante permeando as linhas de voz com frases curtas de guitarra ao invés de fazer “aquele solo” depois que o refrão é cantado pela segunda vez (como geralmente acontece). Por tudo isso, “Scream” é o disco mais interessante que Ozzy gravou desde “Ozzmosis”, de 1995.

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