quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Existe Rock na mídia mainstream?


Querendo ou não, foi até meados de 95 que o rock, principalmente o divulgado pela mídia, teve uma grande expressão nas sociedades de uma forma geral. Após isso, a mídia teve uma forte mudança, um desnorteamento, que a levou a interessar-se e “atirar para todos os lados” e estilos, como o pop, o axé, o rap, entre outros, em busca de um porto lucrativo. Com isso, progressivamente, nossos meios de comunicação foram invadidos por estilos que agradavam e agradam apenas a pessoas de pouca exigência musical.Associada à pouca exigência, a baixa qualidade musical cresceu, ao longo dos anos, enquanto a capacidade de criar algo novo e “verdadeiro” diminuiu, à medida que, para a maioria dos músicos, o lucro, o sucesso e as modinhas faziam mais sentido que o amor pela música. Em décadas como as de 60, 70, 80 e a primeira metade dos anos 90, era favorável para a mídia divulgar mais o Rock n’ Roll, pois essa expressão cultural e grande parte de suas vertentes eram muito fortes. E era “mais negócio” se associar a elas, pela abrangência do estilo entre o grande público. Mas esse alcance, a autenticidade e o vigor dos anos passados foram sendo descartados da exigência da mídia e da maioria das pessoas. O molde adotado, então, pedia, a princípio, algo mais pop, estimulando algumas bandas estáveis dos anos 80 (em destaque, algumas do Brasil) a seguirem essa nova linha para garantirem seus postos nas paradas de sucesso. Com isso, o pop rock assumiu boa parte do posto rock n’ roll, impulsionado pelas bandas que se “converteram” musicalmente, mas que, em seus discursos, ainda se vangloriam como roqueiras. Com o conceito deturpado sobre rock, não apenas no aspecto citado acima, a grande leva de bandas novas que caem nas graças do público dito roqueiro – os quais têm a pretensão de reconhecê-las como “as fiéis representantes do rock” – praticam um, por assim dizer, sonzinho demasiadamente comportado, limpinho, e por que não, pobre. Essa prática vem desvirtuando a verdadeira proposta do rock n’ roll, a qual, mesmo difícil de definir ao certo, sabemos que veio para quebrar o marasmo, ser audaciosa, transformar a visão padronizada das pessoas em uma reação espontânea e contagiante, sendo capaz de fazer correr nas veias das pessoas o sangue da atitude, dentre outras coisas. Isso foi facilmente percebido e sentido em bandas das décadas já mencionadas, as quais foram as mais importantes para o estilo. A maioria dessas bandas tinham estilo próprio, feeling, tocavam com prazer, entusiasmo e autenticidade, tornando cada momento único. E isso não é o que costumamos ver hoje, quando a maioria das bandas buscam recursos apelativos de marketing para aparecer na mídia, valorizando mais a própria imagem do que a sua proposta musical, gerando, assim, um som enlatado e chato. Essa situação foi basicamente causada por uma associação de elementos interligados: a decadência musical, a passiva aceitação do público e a capacidade da mídia de transformar algo, às vezes, insignificante, em um sucesso instantâneo. Quem realmente gosta e conhece a essência do rock n’ roll, do metal e de suas vertentes, considera essas bandas comerciais algo indigno de ser chamado de rock, e de fazer sucesso. Como já foi dito, muitas bandas se converteram ao modismo, misturando estilos, às vezes, discrepantes, ao rock, o que acaba não dando muito certo. A exemplo disso, temos a mistura Hip hop/ Rap, Grunge e Heavy Metal, formando basicamente o New Metal – um dos mais recentes modismos do cenário e uma grande aposta da indústria fonográfica. Essa aposta gerou uma certa euforia no público mainstream, a princípio, fazendo com que quase todas as gravadoras quisessem ter a sua banda new metal, o que acarretou uma superexposição e um comercialismo exagerado do estilo. E como tudo o que é demais enjoa, não deu outra...O resultado já está sendo progressivamente percebido, no frio e pouco impacto que até mesmo os cd’s novos desse estilo têm causado no público e na mídia em geral. Incapazes de gerar um fenômeno como os das décadas anteriores à de 90 e o seu movimento grunge, muitas das bandas do cenário mainstream não conseguiram nem durar por muito tempo – por não levarem a sério a autenticidade e por encararem o dinheiro/lucro como a causa trabalho e do esforço e não como a conseqüência dos mesmos.

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