domingo, 5 de setembro de 2010

Sertanejo Universitário, Cultura Primária


O presente texto é uma reflexão estressada do blogueiro. Suas opiniões são realmente essas, mas todas elas dizem respeito à música e não aos que a ouvem (esses são heróis por agüentar tamanha porcaria). Se você acha que pode se ofender com o que está escrito nas próximas linhas, sugiro que não role o mouse e evite descer. Para os que se aventurarem, boa leitura.

Se a sobreposição de notas uma após a outra atendendo um regramento básico a soar uma melodia for o que se costuma chamar de música, então, há que se chamar esse gênero chamado sertanejo de música. Apesar de um lixo.
Sim, eu não gosto de música sertaneja. E, ao se dizer sertanejo, leia-se esse tipo de poluição sonora que surge nas rádios e nas ruas com um poder de destruição mais forte que o das pragas do Egito. Aliás, que nem vinculo com o sertão possui.
O fato é que não se acha qualidade no que se ouve.
Provavelmente a preguiça mental– que parece ser regra nas pessoas –faz com que se valorize o nada, achando que no nada se entende alguma coisa. Alegam, os que apreciam a dita música (?!) que ela fala o que de fato é e revela o que todo mundo sente. Se assim o é, não há novidade no que se canta – o que torna ainda mais raso o ato de compor, já que se compõe o que já se sabe como é.
Possuir uma legião de “admiradores” não é nenhum atestado de qualidade. Há uma grande parcela de pessoas que se rendem aos ditames midiáticos. Se a mídia aprova, quem sou eu pra desaprovar. Se tantos ouvem, são esses tantos os que estão certo, logo, não preciso se quer ouvir para já concordar que é bom. E enquanto isso o mundo caminha para o seu fim...
O mais triste é ver algo tão desprovido de qualidade fazer sucesso em um Brasil que tem na sua música – a boa música brasileira – um de seus maiores referenciais no exterior. Nossos músicos – Ivan Lins, Tom Jobim, Sérgio Mendes, Bebel e João Gilberto, Céu, Astrud Gilberto, Dorival Caymmi e tantos outros são reverenciados no exterior pela qualidade da música que fazem ou fizeram, e no Brasil se quer alcançam respeito.
A música sertaneja é pobre. Música feita pra gente pequena (sem que necessariamente seja pequeno quem a ouve) e é onde me causa espanto quando vejo pessoas a quem julgo intelectualmente desenvolvidas, vibrando em rimas de amor com dor, paixão com solidão... Lamentável.
Na música sertaneja não se acha o ritmo sincopado deliciosamente presente no violão dos inventores da bossa nova, devidamente acompanhado pelo jeito macio de se cantar o sol, o verão, as alegrias e até o amor. Não há virtuosismo. É uma música que se toca em 6 acordes nas suas formações naturais, cantados por duas vozes onde uma delas não é nem ouvida o que dirá sentida. Não há harmonia que preste, dissonâncias, boa dinâmica e nem arranjos elaborados (basta um reles solo de guitarra em 04 compassos e lá vamos nós...)
A qualidade das letras é, invariavelmente, tão xinfrim, que não há se quer qualidade. Há apenas o relato de um amor que não deu certo porque a mulher se viu mais feliz nos braços de outra pessoa. Convenhamos, meu amigo, essa mulher deve ter encontrado alguém que não escutava sertanejo e encontrou a felicidade.
Pra mim é desesperador assistir as pessoas em estado de catarse entregues a esse barulho desregrado e sem dinâmica, como se estivessem sob efeito de um transe... como se fossem platéia de um show do Greenday após a experimentação das raízes da natureza.
Esse desesperado que se faz gigante quando assisto minha irmã se realizando nisso que se pretende música; quando vejo uma namorada vibrando em meio a um repertória tão deselitizado e ainda por cima, uma irmã de apenas 09 anos, acreditando que isso é bom. Meu Deus, por que castigo tão grande para alguém como eu?
E vou além. Só não digo que o tal do movimento do Sertanejo Universitário é o mais lesivo a boa música brasileira nos últimos tempos, porque nesse ínterim surgiu o funk. Mas é um movimento desarrazoado que quis dar chance a cantores (?!) que em um mundo real não teriam a menor condição de dar certo. Péssimo...
Claro que esse meu sentimento representa nada pra esses pretensos artistas que a cada dia vêem suas contas bancárias crescerem milhares de milhões de reais, frutos de uma sociedade que adotou a falta de critério como qualidade para definir o que se é bom. São Durvais, Welsons e Mirosmares que diariamente lançam esses lixos para o consumo daqueles que preferem viver em meio dele.
O pior é que, muitas vezes, para fazer graça, a pessoa se permite fazer uma brincadeira, canta um trechinho de uma letra que ficou enraizado no subconsciente ou qualquer outro fato que já surge motivo para que a pessoa outra reverbere aos 04 ventos que tanto você gosta da música que até sabe cantar.
Ora, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. E vice-versa.
Fato é que a boa música deve dizer muito mais do que ela diz e deve ser envolta de uma atmosfera condizente com a mensagem que quer passar. Devidamente elaborada, cuidadosamente trabalhada, para que atinja a alma das pessoas, dizendo muito, mas revelando nada.
O Sertanejo não faz nada disso, mas apenas enche os ouvidos de uma harmonização básica, fria e desprovida de qualidade, sem enarmonia, sem efeitos no ouvinte pela sua suavidade e percepção, principalmente se comparadas à Tom Jobim, Edu Lobo, Toquinho, Francis Hime, Egberto Gismonti, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Baden Powell, Ivan Lins e tantos outros.
As letras são pobres e isso em uma língua tão rica como a portuguesa, para que se diga em, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Victor Martins, Aldir Blanc, Ronaldo Bôscoli, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Flávio Venturini, Gonzaguinha, Cazuza e mais tantos outros.
Não faço questão que gostem do que gosto. Muito embora me seria muito mais saudável para os meus nervos que a minha convivência se desse com os que preferem se abster de ouvir essa excrescência da música brasileira.
Música de letra pobre, escrita para ter como alvo pessoas pequenas, que se permitem nivelar por baixo (“coisas esotéricas passando pela cabeça de quem se entende um possível jardim como os que para onde voltam as borboletas”), tão baixo que alcança o nível da própria música. A letra precisa conter algo que leve a reflexão de um tudo... mas as pessoas preferem o caminho mais fácil. A essas, por mais que o gosto seja algo próprio de cada um, é cada vez mais difícil respeitar.
O fato é só que... EU ODEIO SERTANEJO e, por favor, desistam de tentar mudar isso em mim.

Certo estava a banda Pedra Letícia de Goiânia (terra dos sertanejos) quando escreveu essa letra de música:


Tô neim ai se você tem caminhonete
Ou se a sua peguete corneou você...
Num é motivo pra entornar cerveja
Ou moda sertaneja você escrever


Eu sou goiano nem por isso eu tô na fossa
Canto rock com voz grossa não preciso esguelar
Não é porque eu nasci nesse fim de mundo
Que eu não vou ser vagabundo se eu não quero trabalhar


Só quero espaço pra tocar meu violão
Sem ter que formar dupla com o meu irmão


[refrão]
Sim eu sou goiano mas eu sou urbano não gosto de mato
Eu me mato se alguém me chama de caipira pira pora
Nossa senhora não há nada mais que me irrite
Solta um som ligado bem plugado em 220


Tô nem aí ce ocê tem três fazenda ou se a sua renda chega lá no céu
Porque isso nunca vai lhe dar o direito de ir pra balada usando um chapéu...


Eu sou goiano nem por isso eu vou pra roça
Eu prefiro quando a moça passa aqui pra me pegar
A gente vai pra uma balada a techneira e se ela fica de bobeira eu boto outra em seu lugar
A moça feia lá da ponte nunca me agradou
Eu gosto é de mulher com cara de atriz pornô


[refrão]
Sim eu sou goiano mas eu sou urbano não gosto de mato
Eu me mato se alguém me chama de caipira pira pora
Nossa senhora não há nada mais que me irrite
Solta um som ligado bem plugado em 220
Em 220...
Em 220...

4 comentários:

Giovani Mrozkowski disse...

Rapá... Márcio, quando você escreveu esse texto, sua revolta com esse lixo estava em 220. Concordo com cada palavra. Parabéns, excelente explicação e desabafo em relação a este tipo de "música" que está aí na modinha. E viva o bom gosto e o rock'n roll!!!

Lucia Soares SP disse...

Uhuuuu!!! Falou tudooo!! Uma hora o bom gosto tem que voltar a imperar. Bjs!

O Exterminador disse...

Morte aos Sertanejos!!

THE MILLER disse...

cara eu sou seu fã tbm fiz uma comu no orkut participa la o nome é EU SOU GOIANO E ODEIO SERTANEJO.É bom saber que existem pessoa que odeiam essa merda, e a musica ficou muito boa LET´S METAL