quinta-feira, 24 de março de 2011

O DOMÍNIO DO SERTANEJO UNIVERSITÁRIO

É isso aí meus caros seguidores desocupados... Eu, concordo "ipsis litteris" com a matéria e por isso estou publicando aqui, não deixem de ler, principalmente os blumenauenses.

O texto abaixo (transcrito na íntegra) foi publicado ontem, 23 de março, na coluna Cotidiano de Fabrício Wolff, no site Analise em Foco (http://www.analiseemfoco.com.br/)


 
O DOMÍNIO DO SERTANEJO UNIVERSITÁRIO

O estilo dominou Blumenau também. A terra germânica da Oktoberfest e dos Stammtisch se rendeu ao new sertanejo que tomou conta do país. Até aí, nenhuma novidade. O novo estilo musical agradou a juventude e esta é a mola propulsora do comércio do entretenimento. Como esta mola propulsora é bombardeada pela indústria do entretenimento, cujo objetivo é o lucro e não a cultura, não é novidade alguma que tenhamos tantas pessoas cooptadas pelo modismo.


Quem viveu momentos mais ricos na cultura musical brasileira, acusa a falta de um objetivo de contestação para a fácil cooptação. Segundo esses, depois do período da ditadura militar (onde o movimento tropicália e a MPB eram o canal de protesto) e do período pós-ditadura (onde o rock oitentista nacional ensaiou um protesto comportamental), a juventude perdeu a necessidade de pensar. Se isso é real ou não, fica como uma boa possibilidade de um estudo teórico. Também há de se ressaltar que o povo brasileiro é, por si só, sertanejo. Até algumas décadas atrás, a comunidade rural era grande e mesmo vindo para o meio urbano em grande quantidade, mantém a cultura na qual foi criada. Difícil é entender como o tal ‘sertanejo’ foi parar dentro das universidades – tidas como lugar da produção do conhecimento e de cabeças pensantes.


Porém é inegável a realidade que se abate sobre Blumenau. Praticamente não há mais casa noturna com características dançantes (espaço, luzes, etc) que não tenha se dobrado ao estilo da moda. Ainda que algumas não assumam tal gênero musical todas as noites em que recebem seus clientes, pelo menos uma dessas festas semanais é dedicada ao público new sertanejo. Até casas de lanches andam colocando o sertanejo universitário como som ambiente – ao vivo ou não, o que convenhamos, prejudica a digestão. Aqui, apenas alguns bares (Butiquin Wollstein, Botequim 1166, Rock Bola Bar) e talvez algum desconhecido abrem espaço para MPB e rock. Com a característica de bar, é claro, sem espaço para dança. Como heróis da resistência, a dupla Kaiser/Biz, do Ahoy Tavern Club, abrem espaço para o rock, ainda que o espaço não seja muito amplo para quem gosta de curtir dançando. Outra opção que se desnuda é o tal Cacique de Blu (que nome, hein?!?), que promete continuar a curta saga do bom Blues Bar Blumenau (que já morreu) na rua Governador Jorge Lacerda. Também é um bar onde é possível dançar.
 
Nem tudo está perdido. Mas quase.

Fabrício Wolff Jornalista, com 30 anos de experiência na profissão. Já trabalhou em televisão, rádio e jornal. Na RBS, foi apresentador e diretor de jornalismo. Atualmente coordena o departamento de jornalismo da TV Legislativa de Blumenau. Na coluna Cotidiano, interpreta fatos e acontecimentos do dia-a-dia com humor e ironia em doses ponderadas.

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